terça-feira, 29 de novembro de 2011

Morosité

Ele não poderia mais ser visto como um doido, ele não poderia mais ser visto como nada, apenas um peso morto ou um ex-louco quem sabe. Ele tinha um talento superior em alternar suas emoções sejam pessoalmente ou pela internet, afinal, um cara sem amigos deveria ter muitos outros amigos na web, porém é um fracasso maior ainda, escreve em um blog que ninguém lê, um conteúdo chato para a maioria e pessoal demais.
Apesar de tudo além do que havia digitado, existia um homem que teve sonhos, que teve um coração igual ao de todo mundo e que agora escrevia textos subliminares, com a intenção de quando estiver piscologicamente melhor, ou feliz, ler e interpretar sua própria mente com visões diferentes. Consequência disso tudo é esse trauma, essa ânsia do triste, desconhecido e do indesejado. E todas as vezes que ele foi ignorado, que ele falou e ninguem ouviu, ficou gravado em sua mente que ele deveria ser igual a todos os outros, ele imaginava que todos estavam doentes, ou era apenas ele que pensava diferente demais e isso lhe soava estranho.
Mas descontrolado e sem opção ele cresceu numa cadeia circular alienada e antes de notar os impactos de não se influenciar por nada. Viveu uma cultura independente, nota-se facilmente seu coração docil e suas atitudes pensatens demais. Era natural, aquele garoto que escondia a tristeza nos sorrisos, sorrisos que jamais foram falsos, incrivelmente eram mais que puros.
Jamais conheceu o amor, nem os pais nem ninguem sabiam ensinar, chegou até a pensar que todos não conheciam o significado. Creio que foi assim que ele aprendeu a amar (de seu jeito), apegando-se as pessoas erradas, rejeitando aqueles que se declaram facilmente, namorando a margem da sociedade,era a prova incompreesivel de amar os inaceitáveis. Por isso o silêncio, por isso a mente fechada, por isso o antissocialismo, ou até a socialização demais. Até se autodiagnostificava inamável. Antes de morrer ele escrevia durante mais uma discursão dos pais, mais uma folha que ao fim seria rasgada pra ninguem ler. Dizia algo assim:

"Meus pais são a prova viva de um casamento sem amor, que só aconteceu porque ele engravidou ela aos dezessete anos e este filho caiu para jogar à face de todos que o amor existe.Pareço triste, vê-los discutindo por coisas inexistentes, fica a perceber que é tudo culpa dos filhos, tudo minha culpa, isso se resolveria se cada um buscasse sua felicidade, ou se eu não existisse. Eu poderia morrer, eu poderia fugir... Agradeço tudo que aprendi com eles, mas amar jamais poderão me ensinar, como diz meu pai 'Eu só estou com você por causa dos meus filhos.' Uma lagrima a mais uma lagrima a menos, nem meu cerebro, nem meu coração sabem o que fazer, eu posso fugir, eu posso mentir, eu posso me esconder (e nada disso funcionaria, a quem estou enganando?), ou eu poderia morrer e acabar com isso tudo de uma vez, acabar com essa farça."

E foi assim que ele desapareceu para muitos e ficou na memória de poucos, deixou vários rastros despercebidos da influencia das aulas de literatura e filosofia. Ele não dizia nada sobre momentos bons, não era masoquista, para ele tudo foi ruim, não desejava nada disso, achar que superou mais uma vez não foi a solução, precisava morrer para mostrar o que estava sentindo, fechar os olhos, ouvidos e boca para sempre debaixo da terra, bem longe da violência e do desprezo.

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